Travão económico: o seguro é o seu airbag!

12/06/2020

Uma dupla ameaça paira sob as empresas, nomeadamente as pequenas e médias. Às consequências diretas da recessão acrescem os novos riscos relacionados com as atitudes dos empreendedores: planos de redução dos custos, reestruturações, atritos com acionistas, clientes, fornecedores e empregados. O impacto na atividade e no management das PME pode ser catastrófico!

As incertezas e a falta de visibilidade económica favorecem a emergência destas tensões que afetam as organizações e os seus dirigentes no momento em que são menos desejáveis.
Notámos isso em diferentes períodos de crise: choques petrolíferos dos anos 70, crash de 87, estouro da bolha tecnológica no início do século e, recentemente, a crise no setor da construção civil. Cada vez mais as relações entre as empresas e as entidades com as quais se relacionam são afetadas, aumentando o número de incidentes e litígios. Os colaboradores contestam com mais facilidade a gestão e as decisões tomadas pelas administrações. Os clientes e os parceiros temem insuficiências e renegociam os acordos e os contratos.Os acionistas acusam o management de falta visão e de má gestão de riscos.
Os próprios dirigentes multiplicam-se em esforços para conseguir ultrapassar a crise da melhor forma apesar de saberem que um erro pode afetar a performance da empresa e, até, destruir a sua reputação.
Os cortes financeiros e outras reduções de efetivos traduzem-se numa multiplicação de reclamações em diferentes áreas. Os incidentes multiplicam-se, afetando por razões óbvias os dirigentes que, por força da sua visibilidade, cristalizam as frustrações.

Num período de crise as empresas precisam de um piloto e não de um culpado.
A relação de confiança entre a empresa e as entidades que com ela se relacionam é necessária para alcançar esse objetivo. Os litígios podem pôr em perigo uma empresa independentemente do seu desempenho financeiro e comercial. Podemos aceitar as consequências destes riscos? Certamente que não. O segurador está presente para parar o ciclo vicioso, tomando a seu cargo os sinistros cobertos, através dos contratos de responsabilidade civil profissional, responsabilidade civil dos gestores ou responsabilidade civil de exploração do negócio.
O seguro enquanto facilitador da tomada de risco O segurador tem um papel fundamental no acompanhamento operacional e estratégico das empresas. Ao intervir no processo de prevenção e gestão de riscos, promove o surgimento de ideias ousadas, criadoras de valor.
Protegendo os dirigentes, cria o cenário perfeito para habilitá-los a impulsionar os negócios com agilidade.
Numa altura em que as escolhas são críticas e as mudanças necessárias, o seguro garante uma decisão tomada com serenidade e facilita a tomada de riscos.
As dificuldades de algumas seguradoras e o impacto da crise, apesar dos comentários tranquilizadores de observadores, exigem uma reconsideração das regras de funcionamento deste setor. Há que confirmar e reforçar o nosso papel de facilitador, redutor de riscos e gerador de oportunidades. Três princípios devem guiar esta abordagem: especialização, pragmatismo e pedagogia. No mundo inteiro, embora por efeito dominó os investimentos desastrosos nos “ativos tóxicos” não parem de fazer vítimas, é nosso dever reorientar o modelo de negócio na profissão de segurador. Podemos ganhar a vida com os prémios mas precisamos de justificar a confiança dos nossos clientes através do pagamento de sinistros. Os nossos segurados podem sentir a estabilidade do nosso negócio. É apenas ao manter as nossas promessas e agindo tão virtuosamente quanto se espera de nós que poderemos restaurar a reputação e a dignidade do segurador.
O mercado potencial é um reflexo da extensão dos riscos do século XXI. Mas é preciso saber convencer. A maioria dos gestores empresariais negligenciam os seus riscos. Conduzem sem air-bag! A nossa sensibilidade e segurança devem facilitar a ousadia e a ação dos empresários. Afinal, são eles que vão (re)criar o valor do nosso sistema económico.

 

“Há muitas maneiras de falhar, mas a mais segura é nunca correr riscos”, afirmou Benjamin Franklin. Para atenuar a crise, a seguradora deve ajudar a tomada de risco, ou até mesmo acelerá-la. É também necessário que os empresários, os gestores de PME em particular, estejam conscientes disto.